Aula 2: O Idadismo no Cotidiano: como reconhecer em frases do dia a dia e suas consequências nas pessoas idosas

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta aula, você será capaz de reconhecer o impacto do idadismo na vida das pessoas idosas.

Nesta aula, você será convidado a refletir sobre situações cotidianas nas quais práticas idadistas podem ocorrer, muitas vezes de forma inconsciente. Vamos explorar exemplos de atitudes, comportamentos e expressões que, embora pareçam inofensivos, reforçam estereótipos ou discriminação contra pessoas idosas. Através de situações reais e exemplos de linguagem, você aprenderá a reconhecer onde o idadismo está presente e como ele impacta as pessoas ao seu redor.

Questionamento

Você sabia que existem diversas palavras do nosso dia a dia que são consideradas ofensivas para pessoas idosas?

Muitas vezes, utilizamos expressões ou adotamos atitudes que reforçam estereótipos negativos sobre o envelhecimento, sem perceber o impacto que isso pode ter. Nesta aula, queremos te ajudar a identificar esses comportamentos idadistas e refletir sobre como pequenas mudanças na sua linguagem e ações podem fazer uma grande diferença.

Vamos começar reconhecendo algumas dessas expressões e entender por que elas podem ser prejudiciais. É comum ouvirmos ou até dizermos frases como “você já está velhinho para isso” ou “isso é coisa de gente idosa”. Embora muitas vezes ditas sem intenção de ofensa, essas expressões carregam preconceitos sutis que reduzem as capacidades das pessoas mais velhas e reforçam a ideia de que o envelhecimento é algo negativo.

Agora, vamos refletir juntos sobre como substituir essas expressões por alternativas mais respeitosas e inclusivas.

Ao invés de dizer:
" Você não tem mais idade pra isso",
você pode...
Clique aqui

De forma mais respeitosa, perguntar:"Você se sente confortável para fazer isso?" Essa abordagem não assume limitações baseadas na idade e respeita a autonomia da pessoa.

Ao invés de dizer:
" Ah, é a idade..."
você pode...
Clique aqui

Focar na situação específica e dizer:"Isso pode acontecer com qualquer um de nós".
Essa abordagem promove empatia em vez de atribuir o problema à idade.

Ao se referir a pessoas idosas, evite o diminutivo ou apelidos que possam soar infantis. Respeite a individualidade, chamando pelo nome ou usando expressões respeitosas conforme o contexto e a preferência da pessoa.

Dica

Publicado em 2022, o Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo oferece orientações sobre palavras, expressões, frases e depoimentos que evidenciam o preconceito contra pessoas idosas. Este trabalho é resultado de uma ampla coleta de material, revelando diversas formas de idadismo que permeiam diferentes contextos sociais. São apresentados alguns exemplos que nos levam a uma reflexão profunda sobre a linguagem que utilizamos e seu impacto na percepção das pessoas idosas.

E nas redes sociais, será que você publicou algo preconceituoso? Ou alguma vez já leu algo preconceituoso por lá? Muito provavelmente, você responderá que não para a primeira pergunta e sim para a segunda, certo? Então, quem será que está publicando conteúdo idadista nas redes sociais?

Um estudo realizado por Xiang (2021) avaliou o discurso público e os sentimentos em relação as pessoas idosas durante a pandemia de COVID-19 nas redes sociais, revelando a extensão do preconceito de idade no discurso público. A pesquisa analisou dados do Twitter em 2020 e documentou que mais de 60% das publicações expressaram opiniões e experiências preconceituosas em relação às pessoas idosas. Além disso, a mesma pesquisa constatou que 1 em cada 10 usuários do Twitter implicava que a vida das pessoas idosas era menos valiosa do que a dos jovens ou minimizava a pandemia, considerando-a como uma questão que afetava principalmente as pessoas idosas.

Essas ações podem gerar consequências graves na vida das pessoas idosas, afetando tanto sua saúde física quanto mental. Vamos refletir a seguir o que tais ações podem causar na vida dessas pessoas.

O idadismo está associado a piores desdobramentos de saúde. Quando pessoas idosas são tratadas como frágeis ou incapazes, muitas vezes internalizam essas mensagens, o que pode levar à redução das atividades físicas e ao isolamento social. Isso pode contribuir para: Agravamento de doenças crônicas: A falta de incentivo à atividade física e social pode piorar condições como diabetes, doenças cardíacas e problemas respiratórios. Diminuição da mobilidade: O estereótipo de que pessoas idosas devem se “poupar” pode fazer com que elas evitem exercícios, o que resulta na perda de mobilidade e independência.

As atitudes idadistas afetam profundamente o estado de ânimo e a saúde mental das pessoas mais velhas: Aumento de casos de depressão e ansiedade: O sentimento de não ser valorizado ou de ser visto como um fardo pode gerar tristeza, ansiedade e depressão. Baixa autoestima: Constantemente ouvindo que sua idade é uma limitação, muitas pessoas idosas passam a acreditar que realmente são menos capazes ou que sua vida tem menos valor. Autopercepção negativa: Quando a sociedade reforça o estigma de que envelhecer é algo negativo, as pessoas idosas podem desenvolver uma visão pessimista de si mesmas, o que impacta diretamente sua motivação e bem-estar.

O idadismo pode levar ao afastamento social. Pessoas idosas, muitas vezes, são excluídas de atividades ou eventos porque são consideradas "inadequadas" ou "frágeis". Isso pode gerar: Solidão: A exclusão social pode fazer com que as pessoas idosas se sintam isoladas, o que aumenta o risco de problemas de saúde mental e física. Risco aumentado de mortalidade: Estudos mostram que o isolamento social prolongado está associado a uma maior taxa de mortalidade entre as pessoas idosas.

Pessoas idosas podem enfrentar barreiras no acesso a serviços essenciais, como cuidados de saúde ou oportunidades de emprego, devido ao idadismo. Por exemplo: Discriminação no atendimento médico: Elas podem receber cuidados de menor qualidade, com menos opções de tratamento, por serem vistas como "menos prioritárias" em relação a pacientes mais jovens. Desvalorização no mercado de trabalho: Muitas vezes, as pessoas mais velhas são vistas como "menos produtivas" e enfrentam dificuldades em manter ou conseguir um emprego, mesmo sendo qualificadas.

Outro impacto comum do idadismo é a crença de que pessoas idosas não conseguem aprender coisas novas ou se adaptar a tecnologias. Isso afeta sua autonomia e as impede de explorar novas oportunidades, como: Exclusão digital: A falta de acesso e de incentivo para usar a tecnologia pode afastar as pessoas idosas de recursos importantes, como serviços de saúde online, oportunidades de aprendizado e redes de apoio. Incapacidade percebida: Quando são tratadas como incapazes de aprender, as pessoas idosas podem acabar desistindo de novos desafios e isolando-se mais.

O idadismo também afeta o bem-estar geral das pessoas idosas, criando um ciclo de marginalização e exclusão. A soma desses impactos pode levar a uma vida com menos oportunidades, menos interação social, e uma sensação constante de que o envelhecimento é um problema, quando, na verdade, deve ser visto como uma fase natural e valiosa da vida.

Esta aula demonstrou como atitudes e expressões, aparentemente inocentes, podem reforçar estereótipos e a discriminação contra pessoas idosas. Através de exemplos reais e linguagem cotidiana, identificamos onde o idadismo se manifesta, mesmo de forma imperceptível, e como isso impacta as relações interpessoais. Refletir sobre essas situações permite-nos repensar e ajustar a nossa comunicação, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e respeitoso para o envelhecimento.