Módulo 2 Sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento
1. Os sinais e sintomas
No módulo 2 apresentaremos as manifestações clínicas e a importância do diagnóstico ágil e oportuno, com a identificação do estágio e tratamento adequado da infecção.
Ao final desse módulo, esperamos que você seja capaz de:
- Reconhecer as manifestações nas fases precoce e tardia da leptospirose;
- Diferenciar o diagnóstico nas fases precoce e tardia da leptospirose;
- Relacionar a eficácia do tratamento nas fases precoce e tardia da leptospirose.
Os sinais e sintomas da leptospirose variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes. O período de incubação da doença varia de 1 a 30 dias, e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.
As apresentações clínicas da leptospirose foram divididas dentro das fases evolutivas da doença: a fase precoce (leptospiremia) e a fase tardia (fase imune), além da fase de convalescença, por ocasião da alta do paciente. Em aproximadamente 15% dos pacientes, a leptospirose progride para a fase tardia da doença, que é associada a manifestações graves e potencialmente letais, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença.
1.1 – A fase precoce (leptospirêmica)
Embora a fase precoce da doença corresponda à maior parte das formas clínicas (90%), a menor parte dos casos é identificada e, consequentemente, notificada nesta fase da doença, devido às dificuldades inerentes ao diagnóstico clínico e à confirmação laboratorial.
Além dos sintomas citados na figura acima, a exantema ocorre em 10-20% dos pacientes e apresenta componentes de eritema macular, papular, urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial. Hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia podem ocorrer, mas são achados menos comuns (menos 20%). Essa fase tende a ser autolimitada e regride em 3 a 7 dias sem deixar sequelas. É frequentemente diagnosticada como “síndrome gripal”, “virose” ou outras doenças que ocorrem na mesma época, como dengue ou influenza. Além disso, é muito importante para o diagnóstico a análise da exposição epidemiológica do paciente.
É importante notar a existência de alguns sinais e sintomas que podem ajudar a diferenciar a fase precoce da leptospirose de outras causas de doenças febris agudas. Sufusão conjuntival é um achado característico da leptospirose e é observado em cerca de 30% dos pacientes. Esse sinal aparece no final da fase precoce da doença e é caracterizado por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais. Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver petéquias e hemorragias conjuntivais.
1.2 – A fase tardia (fase imune)
Em 10% a 15% dos pacientes com leptospirose ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que tipicamente se iniciam após a primeira semana de doença, mas que podem ocorrer mais cedo, especialmente em pacientes com apresentações fulminantes.
1.3 – A fase de convalescença
Por ocasião da alta do paciente, astenia e anemia podem ser observadas. A eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por uma semana ou, mais raramente, por vários meses após o desaparecimento dos sintomas. A icterícia desaparece lentamente, podendo durar dias ou semanas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas, em alguns casos, permanecem elevados por vários meses. Esse fato não deve ser interpretado como uma infecção prolongada, pois essa situação não é descrita para a leptospirose humana, exceto em casos raros, com comprometimento imunológico. Uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até 18 meses após a infecção, podendo persistir por anos.