Módulo 1 O que é Leptospirose?
Fatores ambientais
O Brasil possui uma incidência de casos maior do que a média mundial. Estimativas apontam maior incidência de leptospirose nos trópicos úmidos com taxas acima de dez casos por cem mil habitantes por ano, enquanto em países de climas temperados essa taxa varia entre 0,1 a 1 por cem mil habitantes por ano. No Brasil, a taxa média de incidência é de dois casos a cada cem mil habitantes.
Podemos mencionar alguns elementos como fatores relevantes para este cenário. A temperatura, o período de chuvas e a sua intensidade, a presença de animais reservatórios da bactéria em contato próximo com seres humanos em ambientes urbanos e rurais, condições de uso e tratamento do solo e ainda desigualdades sociais. Destes, podemos destacar as condições de saneamento, nível de instrução da população e uso do solo. Ainda que ocorra quase em todo o mundo, os padrões de transmissão podem variar de acordo com as regiões nas quais se manifesta a doença. Os sistemas urbanos de saneamento e drenagem inadequados nas cidades configuram risco de exposição devido à inundação de áreas, o que favorece o contato da população com o agente etiológico. Podemos destacar alguns fatores ambientais e relacionar condições socioeconômicas e de saneamento em áreas de comunidades carentes a elevados gradientes de exposição.
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- Densidade demográfica
- Domicílios sem esgotamento sanitário
- Grau de escolaridade no domicílio
- Nível dos rios (cotas hidrológicas)
- Sistemas de abastecimento de água sem tratamento
- Sistemas de abastecimento de água com simples cloração
- Áreas inundáveis
- Áreas de acúmulo de lixo e resíduos
- Áreas com proliferação de roedores
Eventos climáticos extremos favorecem surtos de leptospirose. Em geral, o número de casos suspeitos aumenta em 7-14 dias após o pico do evento. A duração do surto é condicionada a fatores como o clima, a persistência da chuva e a insuficiência do escoamento da água de enchente. A interrupção de serviços de coleta e tratamento de resíduos, bem como a paralisação de modais de transporte de massas (ocasionando um aumento dos deslocamentos a pé em áreas alagadas) desencadeiam cenários propícios para a manifestação da doença.
Com a alteração da variabilidade climática e o aumento na frequência de eventos climáticos extremos, áreas populosas podem estar cada vez mais vulneráveis ao incremento no número de notificações, sobretudo, em situações de chuvas mais intensas e com o possível aparecimento de casos mais graves.
Os fenômenos El Niño e La Niña também configuram importantes elementos a serem analisados na relação entre chuva e leptospirose, uma vez que provocam consideráveis e conhecidas alterações na distribuição e na qualidade de precipitações.
Em podcast para o blog do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho, o pesquisador Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz (Cepedes) explica como e por que os eventos climáticos se tornam desastres e como podemos reduzir esses impactos no curto, médio e longo prazo.