Módulo 3

Preparação e resposta às Emergências em Saúde Pública no Contexto da COVID-19

Aula 3

Logística para resposta a Emergências em Saúde Pública no contexto da COVID-19

Segundo o Council of Logistics Management (1996), a logística pode ser definida como o processo de planejar, implementar e controlar o fluxo e o armazenamento eficientes e capazes, em termos de custos, de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e as informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de obedecer às exigências dos clientes.

Pensar em logística no contexto dos serviços de saúde significa reconhecer os seguintes aspectos como estruturantes desses serviços (Travassos e Martins 2004):

  1. Necessidades de saúde (morbidade, gravidade e urgência da doença).
  2. Usuários (características como: idade, sexo, região, renda, educação, entre outros).
  3. Organização (recursos disponíveis, oferta de médicos, hospitais, ambolatórios).​
  4. Política (tipo do sistema de saúde, legislação e regulamentações).

Na tabela Conceitos de logística hospitalar podem ser visualizados diferentes conceitos e o enfoque derivado de cada conceito sobre a logística hospitalar, que pode ser aplicada de forma mais ampla à compreensão da logística em saúde.

CONCEITO DE LOGÍSTICA HOSPITALAR APRESENTADO ENFOQUE DOS AUTORES
Logística é uma função da administração de materiais responsável por disponibilizar materiais e medicamentos no tempo requerido para atendimento dos pacientes (Barbuscia, 2006).
  • Logística é responsável pela distribuição física interna de materiais no hospital;
  • Logística é uma função que pertence a Administração de Materiais;
A logística gere todo o fluxo de materiais e informações dentro da cadeia de suprimentos, desde os fornecedores de materiais até a entrega dos produtos aos pacientes.
A administração de materiais é composta por algumas atividades da logística como seleção de materiais e fornecedores, compras, recebimento. gestão de estoques, armazenagem. distribuição e atendimento aos usuários internos (Barbieri & Machline, 2009).
  • Logística é responsável pelo fluxo de materiais e informações desde os fornecedores até a dispensação dos produtos aos pacientes.
  • Administração de Materiais é uma subárea da logística.
A logística conceitua-se como o conjunto de atividades voltadas para a gestão dos fluxos materiais e do consequente fluxo de informações ao longo da cadeia de suprimentos (Silva, Pinto. Ayres. & Elia, 2012)
  • Logística como unidade gestora dos fluxos de materiais e fluxos de informações.
A logística na saúde abrange o design, planejamento, implementação e controle dos mecanismos que coordenam o fluxo de pacientes e as atividades diagnósticas e de assistência nos hospitais (De Vries, Bertrand, & Vissers, 1999). (Vissers & Beech, 2005). (Vissers, 1994).
  • Logística gere os fluxos de pacientes e as atividades terapêuticas prestadas ao paciente;
Considera-se como gestão logística na saúde toda a gestão de fluxos físicos e de informação. Ou seja, o planejamento, a implementação e controle dos fluxos de materiais (matéria-prima, produtos em fabricação. produtos finais), pessoas (pacientes), serviços e soluções tangíveis e intangíveis, considerando os trade-offs de custo, qualidade e tempo (Crespo & Ramos, 2009).
  • Logística é responsável pela gestão dos fluxos físicos, compostos de materiais e pacientes, e fluxos de informações.

Fonte: Oliveira e Musetti, 2014

Se preferir, baixe aqui a versão em pdf desta tabela

As definições vigentes na literatura sobre o tema incluem os seguintes itens:

  1. distribuição interna de suprimentos (medicamentos, enxoval, refeições, materiais em geral, amostras de exames);
  2. compras (medicamentos e materiais);
  3. gestão de estoques;​
  4. armazenagem;
  5. recebimento de materiais;
  6. ressuprimento;
  7. gestão do relacionamento com fornecedores;​
  8. manuseio de materiais;
  9. processamento de pedidos;
  10. controle de dispensação dos medicamentos e materiais;
  11. transporte e armazenagem de instrumentos esterilizados;​
  12. limpeza e lavanderia;
  13. gestão de resíduos;
  14. comunicação, preservação, armazenagem e transporte de tecidos para transplante.

A Logística Humanitária é reconhecida como uma área científica de grande relevância, pois lida com o processo de planejar, programar e controlar os estoques de maneira eficiente e com custo mitigado, bem como acompanhar o fluxo das informações, do ponto de origem ao ponto de consumo, com o objetivo de atender a população afetada por uma emergência sanitária ou por um desastre (Thomas e Mizusjima, 2005).

Diferentemente de sua versão comercial, a logística humanitária lida com muitos desafios simultaneamente: objetivos ambíguos e conflitantes de diferentes atores públicos e privados, altíssimos níveis de urgência e ambientes fortemente politizados. A missão fundamental da logística humanitária é organizar, armazenar e entregar suprimentos básicos, como água, remédios, alimentos e abrigo às populações e regiões afetadas por desastres naturais ou emergências complexas.

Rodrigues (2020)

No entanto, uma emergência em saúde pública como a COVID-19, a exemplo de outras emergências em saúde pública, exige uma visão de logística humanitária que inclua a não apenas a gestão de suprimentos e equipamentos médico-hospitalares, mas também a gestão da força de trabalho em saúde.

Na figura abaixo podemos visualizar os inputs e outputs relacionados à logística humanitária e a articulação dos processos de gestão de estoques; de tecnologias de informação e comunicação; transporte e de equipamentos/infraestrutura.

Referencial explicativo da Logística Humanitária.
Referencial explicativo da Logística Humanitária.
Fonte: Thomas, 2005.