Módulo 1 | Aula 1 Enfrentamento ao estigma e discriminação

Introdução

Você sabia que o estigma é um mecanismo eficaz de exclusão social? Isso ocorre devido à crença equivocada de que uma característica física ou comportamental, define o caráter moral das pessoas.

O estigma é uma marca corporal ou social que confere um valor negativo às pessoas que a possuem. E é por causa dessas marcas que essas pessoas podem ser distanciadas do acesso a bens materiais e simbólicos da sociedade, incluindo a saúde.

Algumas infecções e doenças propiciam o processo de estigmatização, seja porque supostamente estão relacionadas a comportamentos que infringem os padrões morais dominantes da sociedade, ou porque produzem marcas físicas que desafiam os modelos estéticos vigentes.

Saiba mais...

Existe uma pesquisa pioneira sobre estigma e tuberculose desenvolvida no Brasil em 1950, mas que continua sendo uma referência atualmente. É um estudo de Oracy Nogueira que analisa dramas sociais e experiências de pessoas doentes por tuberculose, internadas para tratamento na cidade de Campos de Jordão. Ele aborda a formação de uma nova identidade dessas pessoas e suas interações com outros internos, os profissionais de saúde e a população local. O autor revela como a cidade se configura na perspectiva de demarcar as áreas dos “tuberculosos”, criando um processo de segregação.

Esse tipo de pesquisa ilustra como as instituições de saúde e seus trabalhadores podem participar dos processos sociais de produção e reprodução do estigma.


Ficou curioso(a) e quer saber mais sobre esta pesquisa?

Veja o livro: Nogueira, O. Vozes de Campos de Jordão: experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no Estado de São Paulo. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2009 (2 ed.).

A estigmatização resulta em sofrimento e danos para quem os sofre, como o afastamento do convívio social ou a interrupção dos seus projetos de vida e de felicidade. Você já refletiu sobre isso?

Mesmo hoje, quando já se tem conhecimento e possibilidade de tratamento para infecções e doenças estigmatizantes, seja a partir de crenças sobre fraqueza moral ou espiritual, os estigmas relacionados a elas persistem.

Palavras escritas em uma nuvem

Neste sentido, a reprodução do estigma pode ocorrer inclusive nas práticas em saúde, pelos profissionais, demais usuários dos serviços e até mesmo pela própria pessoa estigmatizada. Logo, você como profissional de saúde, pode fazer a diferença assumindo um papel social muito importante na disseminação de normas e práticas contribuindo para o enfrentamento dos processos de estigmatização e promovendo uma atenção inclusiva, humanizada, interseccional e não discriminatória.