Série 1 | Curso 1

O que é Ciência Aberta?

Aula 7

Educação Aberta

Objetivos educacionais: :

  • Compreender o conceito de Educação aberta no contexto da Ciência aberta

Introdução

O termo Educação Aberta é utilizado na literatura há décadas, expressando muitas vezes formas inovadoras de educação, modelos pedagógicos revolucionários e mais recentemente relacionado com movimentos de acesso aberto. Lewis e Spencer (1986) definem a educação aberta como um termo utilizado para descrever cursos flexíveis, desenvolvidos para atender necessidades individuais; que visam remover as barreiras de acesso à educação tradicional, e sugerem uma filosofia de aprendizagem centrada no aluno (SANTOS, 2012).

Duas das principais características da educação aberta superior são:

Flexibilidade na admissão de estudantes

Acesso à educação formal sem custo para o estudante


Educação aberta pode ser entendida de várias formas, porém, em todas as suas definições e aplicações, há um conjunto de práticas que tendem a caracterizá-la. Essas práticas têm enfoques específicos dependendo do contexto, do sistema de aprendizagem e do momento histórico.

Não exaustivamente, elas estão relacionadas a um ou a vários dos seguintes itens:

  • A liberdade do estudante decidir onde estudar, podendo ser de sua casa, do seu trabalho ou até mesmo da própria instituição de ensino e/ou pólos de aprendizagem;
  • A possibilidade de se estudar por módulos, acúmulo de créditos ou qualquer outra forma que permita ao estudante aprender de forma compatível com o ritmo necessário para seu estilo de vida;
  • A utilização da autoinstrução, com reconhecimento formal[1] ou informal da aprendizagem por meio de certificação opcional;
  • A isenção de taxas de matrícula, mensalidades e outros custos que seriam considerados uma barreira ao acesso à educação formal;
  • A isenção de vestibulares e da necessidade de apresentar qualificações prévias, que poderiam constituir uma barreira de acesso à educação formal;
  • A acessibilidade dos cursos para alunos portadores de alguma deficiência física, bem como dos que têm alguma desvantagem social;
  • A provisão de recursos educacionais abertos, utilizados tanto na educação formal quanto na informal.

Além desses itens, podemos incluir outros aspectos que são interdependentes de outras práticas para efetivamente constituírem educação aberta. Por exemplo, práticas pedagógicas centradas no aluno, a utilização de materiais educacionais criados por estudantes, o acesso aberto a repositórios de pesquisas científicas e a utilização de software de código aberto para fins educacionais.(SANTOS,2012)

Desde a década de 70 a discussão sobre Educação aberta relaciona-se também a práticas de ensino coerentes com uma visão de sociedade mais libertária e democrática.

A educação não é um negócio, é criação

István Mészaros

Para o autor dessa frase, István Mészaros, devemos reafirmar a educação na sua natureza de qualificar para a vida e não para o mercado. Pensando nessa concepção de educação:

Qual seria seu papel na construção de uma sociedade mais democrática?

O simples acesso à escola não garante uma educação de qualidade e nem mesmo o acesso ao conhecimento. Para o autor as ações vão muito além dos espaços da sala de aula (MÉSZAROS, 2014).

O debate e as iniciativas em torno do acesso aberto ao conhecimento vêm crescendo nos últimos anos, e se expande para outras áreas. Podemos afirmar que as questões referentes ao acesso aberto se relacionam com a ciência e a educação. E no campo da educação, com a oferta de cursos na web e com o direito de se utilizar recursos educacionais abertos.

A Educação Aberta

Em que medida a discussão sobre o modelo de ciência indica o tipo de desenvolvimento de um país?

Neste cenário ganha espaço a ampliação da discussão para as possibilidades e obstáculos de uma ciência aberta e uma educação aberta. Para alguns autores, essa questão está colocada ao se discutir modelos de desenvolvimento, uma vez que os pobres são certamente os mais afetados pelos sistemas de apropriação privada do conhecimento, principalmente em áreas sensíveis, como a de medicamentos, agricultura e alimentação (ALBAGLI, 2014). Estamos diante de novas perspectivas para uma antiga questão, o direito ao conhecimento, enquanto direito do cidadão ao acesso à educação, ao saber. Pode-se afirmar que o debate atual sobre o direito ao conhecimento torna-se um dos temas centrais na construção da democracia nas sociedades contemporâneas.

Ampliar o acesso ao saber demanda esforços de natureza política, implicações ideológicas e enfrentamentos no campo do direito, mais especificamente de direitos autorais. Neste contexto de contradições e antagonismos, vimos crescer a defesa por uma educação aberta e pelo uso de recursos educacionais abertos.

Recursos educacionais abertos podem ser considerados componentes (ou estratégias/práticas) da educação aberta, que é praticada atualmente dentro de uma perspectiva de compartilhamento de conteúdo digital com licença de uso aberta.(SANTOS,2012)

No centro desse debate entre a promoção da educação aberta e a proteção por propriedade intelectual, desdobram-se na verdade os interesses econômicos de editoras, instituições de ensino particulares, e muitas vezes atingem o ensino público em geral, e especialmente o universo da pós-graduação, especialização ou formação profissional continuada.

O debate sobre acesso aberto deve ser ampliado, o conteúdo científico e didático compõe uma “educação aberta” e aponta diferentes cenários e definições sobre o papel da ciência. Existe um consenso sobre a importância da educação nas sociedades e sua prioridade. Partindo dessa premissa, a escola ou qualquer instituição de ensino pode, portanto, ser vista como um “bem comum” (MANTOVANI; DIAS; LIESENBERG. 2006).

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