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Campus Virtual Fiocruz

Introdução à Saúde Digital

Módulo 2 | Aula 1
Sistemas de Informação para o Sistema Único de Saúde (SUS)

Tópico 2

Fundamentação da estrutura do SUS: Lei 8.080/90

A Lei 8.080/90 estabelece as bases para a organização do SUS, reconhecendo a importância de sistemas de informação robustos para a gestão e a prestação de serviços de saúde. A lei enfatiza que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, o que implica a necessidade de coletar e analisar dados para garantir que esse direito seja efetivamente respeitado.

Ela destaca a necessidade de informações sistemáticas para a tomada de decisões em saúde pública. A coleta e análise de dados são fundamentais para:

  • Planejamento e Avaliação: A lei exige que os serviços de saúde sejam planejados e avaliados com base em informações concretas sobre a saúde da população. Sistemas de informação em saúde fornecem os dados necessários para identificar necessidades e desenvolver políticas adequadas.
  • Transparência e Controle Social: A legislação determina que as informações sobre a saúde devem ser acessíveis à população, garantindo transparência na gestão dos serviços públicos. A disponibilização de dados, especialmente através de sistemas de informação, fortalece o controle social e a participação cidadã.

Sobre a regulamentação de Sistemas de Informação, a Lei 8.080/90 menciona a importância da informação para o funcionamento efetivo do sistema de saúde, o que leva à necessidade de regulamentação dos sistemas de informação:

  • Normas e Diretrizes:A lei estabelece que o Ministério da Saúde deve criar normas e diretrizes para a organização dos sistemas de informação em saúde, assegurando que sejam integrados, funcionando de maneira conjunta e colaborativa.
  • Dados Qualificados e Oportunos:A lei requer que os dados coletados sejam de qualidade, oportunos e relevantes, de modo a informar a implementação de políticas de saúde, monitoramento e avaliação.

Integração de dados entre diferentes sistemas:

A lei incentiva a integração de dados entre diferentes sistemas e esferas da gestão da saúde. Essa integração é vital para garantir uma abordagem holística da saúde pública:

  • Interoperabilidade: A lei sugere a necessidade de interoperabilidade entre sistemas, permitindo que informações de diferentes fontes sejam compartilhadas e utilizadas de maneira eficaz.
  • Fortalecimento da Vigilância em Saúde: A possibilidade de integrar dados de várias fontes (como o SIM, SINAN e DATASUS) favorece a vigilância em saúde, essencial para a identificação precoce de surtos e planejamento de ações preventivas.

Assim, a Lei 8.080/90 estabelece um suporte legal e diretrizes que fundamentam a criação e a operação de sistemas de informação em saúde no Brasil. Estes sistemas são fundamentais para garantir a gestão eficiente dos serviços de saúde, permitindo que a administração pública ofereça um atendimento de qualidade e respeite os direitos dos cidadãos à saúde. Em suma, a relação entre a Lei 8.080/90 e os sistemas de informação em saúde é uma interdependência que reforça o compromisso do Estado com a saúde da população e a responsabilidade na gestão dos recursos públicos.

Veja a seguir o panorama geral dos sistemas do SUS:

DATASUS: O Coração dos Sistemas de Informação do SUS

O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) é a principal unidade responsável pela gestão da tecnologia da informação no SUS. Sua estrutura é composta por diversas unidades que colaboram para garantir a eficiência e a segurança dos sistemas de informação em saúde:

Diagnosticar necessidades de novas soluções de sistemas junto aos órgãos/unidades do Ministério da Saúde.

Promover a adoção de soluções inovadoras na atuação do DATASUS.

Coordenar o atendimento às Secretarias do Ministério da Saúde no uso dos produtos e serviços disponibilizados pelo DATASUS.

Prover e gerir a infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação no âmbito do Ministério da Saúde, por meio do apoio operacional e coordenação do processo de utilização dos recursos de hardware, software e rede de dados e telecomunicações.

Oferecer suporte aos hospitais federais na implementação e manutenção de sistemas de informação em saúde e promover a interoperabilidade.

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)

O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) é um sistema de informação criado pelo Ministério da Saúde do Brasil, cuja função principal é registrar e monitorar informações sobre todos os nascimentos ocorridos no país. Este sistema fornece dados essenciais para a formulação de políticas de saúde voltadas para a saúde materno-infantil, contribuindo para a melhoria do atendimento durante a gestação, parto e após o nascimento.

O SINASC constitui-se em uma importante ferramenta de vigilância em saúde, permitindo que os processos de coleta e análise de dados sobre nascimentos sejam realizados de forma padronizada. Os objetivos do SINASC incluem:

O funcionamento do SINASC envolve as seguintes etapas:

1
Registro do Nascimento

Todas as maternidades e estabelecimentos de saúde que realizam partos têm a responsabilidade de registrar os nascimentos. Os dados são preenchidos em um formulário padronizado que inclui informações sobre o recém-nascido (como nome, data de nascimento, peso, etc.) e a mãe (como idade, estado civil, escolaridade, entre outros).


Transmissão de Dados

Após o preenchimento, as informações são enviadas para as Secretarias de Saúde dos estados e municípios, onde são processadas e armazenadas. Esta transmissão pode ser feita por meio de sistemas eletrônicos que facilitam a coleta e a integração dos dados.

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Armazenamento e Análise

Os dados coletados são armazenados em uma base de dados centralizada. A análise periódica dos dados permite gerar estatísticas e relatórios que ajudam a identificar tendências em saúde materno-infantil.


Geração de Relatórios

O sistema fornece relatórios gerenciais que ajudam na avaliação do estado de saúde da população, incluindo taxas de mortalidade, índices de natimortalidade, e outros indicadores relevantes à saúde pública.

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O SINASC é utilizado em várias aplicações e avaliações na saúde materno-infantil, incluindo:

  • Avaliação das Políticas Públicas: Os dados do SINASC permitem que gestores de saúde avaliem a eficácia das políticas públicas direcionadas à saúde materno-infantil, como o acompanhamento de programas de pré-natal e assistência ao parto.
  • Identificação de Grupos Vulneráveis: Por meio da análise dos dados, é possível identificar grupos de gestantes e recém-nascidos que estão em situação de vulnerabilidade, como adolescentes, mães com baixo nível educacional ou em situação de pobreza. Isso permite que as políticas de saúde sejam mais direcionadas e eficazes.
  • Monitoramento das Condições de Saúde: Dados sobre pesos ao nascer e condições do parto (como partos normais versus cesarianas) são fundamentais para monitorar a qualidade do atendimento e a saúde das mulheres e crianças.
  • Planejamento e Alocação de Recursos: Com informações precisas sobre nascimentos, os gestores de saúde podem planejar adequadamente a alocação de recursos e serviços, como leitos para gestantes e recém-nascidos, unidades de terapia intensiva neonatal, e programas de acompanhamento.

Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

O SINAN é um sistema de informação crucial que coleta e monitora dados sobre doenças e agravos de notificação compulsória, estabelecendo uma rede sólida de vigilância epidemiológica. É um componente fundamental para a detecção precoce de surtos e o gerenciamento de doenças transmissíveis e não transmissíveis no Brasil. Os objetivos do SINAN incluem:

O funcionamento do SINAN envolve as seguintes etapas:

1
Notificação

Profissionais de saúde notificam casos suspeitos e confirmados de doenças nos estabelecimentos de saúde, as informações são registradas no SINAN.


Armazenamento e Análise

Os dados coletados são armazenados e analisados pelo sistema, permitindo a geração de estatísticas e relatórios que ajudam a identificar tendências e padrões.

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Distribuição de Informações

Os dados processados são disponibilizados para diferentes níveis de gestão no SUS, permitindo a tomada de decisões baseada em evidências.

O SINAN abrange uma ampla gama de doenças de notificação compulsória, como:

  • Tuberculose
  • Dengue
  • Hepatites virais
  • Sífilis
  • Malária

Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)

O Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) foi projetado para coletar dados sobre internações hospitalares em todo o Brasil. Este sistema é vital para a gestão e planejamento de serviços hospitalares, garantindo que os recursos sejam alocados de maneira eficaz. Os objetivos do SIH/SUS incluem:

O funcionamento do SIH/SUS envolve as seguintes etapas:

1
Registro de Internações

Os dados sobre cada internação, incluindo informação sobre o paciente, unidades de internação, diagnósticos e tratamentos realizados, são registrados no sistema.


Análise de Dados

As informações coletadas são analisadas para identificar padrões de internação e desempenho hospitalar, auxiliando na identificação de melhorias necessárias.

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3
Geração de Relatórios

O SIH/SUS gera relatórios gerenciais que podem ser utilizados por gestores de saúde para avaliação e planejamento.

Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB)

Instituído em 2013, o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) é utilizado para fins de financiamento e de adesão aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica. Além do SISAB, temos os sistemas e-SUS APS, que captam, integram e organizam os dados da atenção primária à saúde, facilitando o gerenciamento das informações relacionadas a atendimentos e ações em saúde realizadas na rede de atenção primária. Os objetivos do e-SUS APS incluem:

O funcionamento do e-SUS APS envolve as seguintes etapas:

1
Cadastro de Usuários

Permite o cadastro de pacientes e sua inserção em consultas e atendimentos ambulatoriais.


Registro de Atendimentos

Os profissionais de saúde registram informações sobre todas as consultas e procedimentos realizados.

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Geração de Relatórios

O sistema gera relatórios que ajudam na análise do desempenho das equipes de saúde e permite o acompanhamento das visitas domiciliares e ações de prevenção.

Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) é uma ferramenta de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, criado para coletar, processar e disseminar informações acerca dos óbitos ocorridos em território nacional. O SIM registra causas de morte a partir das declarações de óbito, permitindo a análise de tendências de mortalidade e a identificação de problemas de saúde na população.

O sistema é essencial para o planejamento e a avaliação de políticas públicas de saúde, contribuindo para a melhoria contínua dos serviços de saúde e redução da mortalidade evitável.

Os principais objetivos do SIM são:

O funcionamento do SIM pode ser descrito nas seguintes etapas:

1
Declaração de Óbito

A coleta de dados começa quando um óbito é declarado. O profissional de saúde que atesta a morte preenche um formulário padrão com informações sobre a pessoa que faleceu e as circunstâncias do óbito, incluindo dados pessoais e causas de morte.


Envio das Informações

A declaração de óbito, preenchida em papel ou eletronicamente, deve ser enviada para a Secretaria Municipal de Saúde, onde os dados são registrados no sistema.

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Processamento e Análise

Após o recebimento, as informações são processadas e armazenadas em uma base de dados centralizada no nível estadual e nacional. Técnicas de codificação, como a Classificação Internacional de Doenças (CID), são utilizadas para classificar as causas de morte.


Geração de Relatórios

O sistema é capaz de gerar relatórios e estatísticas sobre mortalidade, que são utilizados para monitorar as condições de saúde da população e identificar áreas críticas que necessitam de intervenção.

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O SIM é amplamente utilizado em várias áreas dentro da saúde pública:

  • Avaliação de Políticas de Saúde: Os dados do SIM são utilizados por gestores de saúde para avaliar a eficácia de políticas públicas relacionadas à saúde, como programas de prevenção de doenças e ações voltadas para populações vulneráveis.
  • Identificação de Causas de Morte: A análise das causas de mortalidade permite que as autoridades de saúde identifiquem doenças prevalentes que exigem atenção especial, possibilitando a implementação de campanhas específicas de prevenção e tratamento.
  • Estudos Epidemiológicos: Pesquisadores usam os dados do SIM para realizar estudos epidemiológicos que ajudam a compreender as dinâmicas da mortalidade e a sua relação com fatores sociais, econômicos e ambientais.
  • Planejamento de Serviços de Saúde: As informações sobre mortalidade ajudam no planejamento e na alocação de recursos em serviços de saúde. Por exemplo, áreas com altas taxas de mortalidade por causas específicas podem ter serviços de saúde aprimorados ou campanhas de conscientização direcionadas.
  • Relatórios e Estatísticas de Saúde Pública: O SIM gera estatísticas sobre mortalidade que são fundamentais para relatórios anuais de saúde pública, contribuindo para a transparência e o entendimento das condições de saúde da população.

Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI)

O SI-PNI é um sistema que coleta e gerencia dados relacionados à vacinação no Brasil. Este sistema é fundamental para garantir que a cobertura vacinal da população seja monitorada e alcançada. Os principais objetivos do SI-PNI são:

O funcionamento do SI-PNI pode ser descrito nas seguintes etapas:

1
Registro de Vacinação

Os dados sobre a vacinação dos indivíduos são registrados no sistema, incluindo tipo de vacina, data de aplicação e local de atendimento.


Geração de Relatórios

O sistema permite a geração de relatórios detalhados sobre as vacinas aplicadas, ajudando a identificar áreas com baixa cobertura vacinal.

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3
Análise de Dados para Políticas de Saúde

As informações coletadas são utilizadas para ajustar e melhorar as campanhas de vacinação e os programas de imunização.

TabNet

O TabNet é uma ferramenta desenvolvida pelo Ministério da Saúde do Brasil com o objetivo de facilitar a criação de tabelas e relatórios a partir do banco de dados dos Sistemas de Informações em Saúde (SIS). A plataforma é projetada para permitir acesso ágil e dinâmico a dados relacionados à mortalidade, nascimentos, internações e à saúde da população, oferecendo funcionalidades que favorecem a análise e a visualização de informações importantes para a vigilância em saúde. Os principais objetivos do TabNet incluem:

O funcionamento do TabNet é composto por diversas etapas:

1
Acesso à Plataforma

Os usuários acessam o TabNet através do portal do DATASUS. A interface é projetada para ser amigável e intuitiva, facilitando a navegação e a busca de informações.


Seleção de Dados

O usuário pode escolher diferentes variáveis para a construção de tabelas e relatórios. As opções incluem dados como causa da morte, idade, sexo, residência, entre outros, permitindo uma análise detalhada e segmentada.

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Construção de Tabelas

Com as variáveis selecionadas, o TabNet gera tabelas dinâmicas que são atualizadas em tempo real. Os usuários podem visualizar e manipular os dados conforme necessário.


Exportação de Dados

Os resultados podem ser exportados em diversos formatos, como CSV ou Excel, permitindo que os usuários salvem e analisem os dados fora do sistema.

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5
Visualização Gráfica

Além das tabelas, o TabNet também oferece opções de visualização gráfica, permitindo análises mais visuais e facilitando a identificação de padrões e tendências.

O TabNet é amplamente utilizado para diversos fins relacionados à saúde pública, incluindo:

  • Análise de Mortalidade: Profissionais de saúde utilizam o TabNet para acessar dados sobre as causas de morte em diferentes regiões e épocas, permitindo identificar tendências e problemas emergentes relacionados à saúde no Brasil.
  • Planejamento de Políticas Públicas: Gestores de saúde utilizam os dados do TabNet para fundamentar decisões de alocação de recursos, direcionamento de programas de prevenção e promoção de saúde com base em evidências.
  • Estudos Epidemiológicos: Pesquisadores utilizam o TabNet para realizar estudos sobre padrões de mortalidade, associando dados a variáveis socioeconômicas ou ambientais a fim de compreender melhor as relações entre estas variáveis e a saúde da população.
  • Monitoramento de Indicadores de Saúde: Organizações não governamentais e instituições de pesquisa utilizam o TabNet para monitorar indicadores de saúde, contribuindo para relatórios que avaliam a situação de saúde pública em um determinado período.