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Campus Virtual Fiocruz

Introdução à Saúde Digital

Módulo 2 | Aula 3
Padrões em Informática em Saúde e Interoperabilidade:
Aplicações no Contexto do SUS

Tópico 1

Introdução

São muitos os benefícios da adoção de Sistemas de Informação integrados e interoperáveis para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde no SUS. A interoperabilidade estabelece a capacidade dos sistemas de compreenderem e interpretarem dados de forma que o significado seja mantido ao invés de apenas a sintaxe da informação. Refere-se à troca de dados em formatos comuns, como por exemplo, os sistemas que entendem variações de termos médicos e a integração com sistemas legados (antigos). Os benefícios da interoperabilidade podem ser mensurados nos três atores da saúde:

Esta experiência pode transcender fronteiras territórias como você pode comprovar na parceria entre o Cidacs da Fiocruz Bahia com o The Provicial Health Data Center da África do Sul.

Apesar de grandes benefícios, o SUS enfrenta desafios importantes para a implementação e adoção de sistemas de informação interoperáveis. Entre esses, destacam-se três barreiras significativas:

pan_tool_alt Clique Toque nas imagens para visualizar as informações.

Falta de padronização entre sistemas, complexidade técnica dos sistemas existentes.

Resistência cultural à mudança, falta de treinamento adequado para profissionais.

Questões relacionadas à proteção de dados e confidencialidade do paciente.

Listamos a seguir alguns exemplos de sistemas de informações integrados e interoperáveis que já estão em utilização no Brasil, com alguns exemplos locais, como a implementação do e-SUS e a integração de dados que foi realizada durante a pandemia de Covid-19, para que você conheça seus impactos e resultados no setor saúde.

Implementação do e-SUS

Ícone do e-SUS composto por uma figura estilizada de uma cruz, e um elemento gráfico que remete à tecnologia e à conectividade.
Fonte: Ministério da Saúde

O e-SUS é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) que visa a informatização e a integração das informações de saúde em todo o Brasil. É uma plataforma que permite o registro e a troca de dados entre as unidades de saúde, proporcionando um acesso mais rápido e eficiente às informações dos pacientes. O e-SUS é essencial para a efetivação da gestão da saúde pública, qualidade no atendimento e pesquisa. Temos dois casos de implementação do e-SUS para exemplificar aqui: um na região norte, no estado do Amazonas e, outro na região nordeste, do estado da Bahia. Veja!

Amazonas (Região Norte)

A implementação do e-SUS no Amazonas enfrentou desafios únicos devido à vastidão geográfica e às dificuldades de acesso em áreas remotas.

  • Impacto: Com a utilização do e-SUS, foi possível registrar e acompanhar o tratamento de doenças como a malária, facilitando o monitoramento das condições de saúde da população ribeirinha e indígena, onde a mobilidade é limitada.
  • Resultados: Por meio do e-SUS, os profissionais de saúde conseguiram coordenar campanhas de vacinação e coletar dados epidemiológicos de forma mais eficiente, resultando em uma resposta mais rápida a surtos.

Bahia (Região Nordeste)

A Bahia implementou o e-SUS com foco na melhoria da atenção básica e na integração com os serviços hospitalares.

  • Impacto: O sistema permitiu uma melhor organização da rede de saúde, facilitando a transferência de dados entre unidades de saúde da família e hospitais
  • Resultados: Após a implementação, houve um aumento no acompanhamento de pacientes crônicos, como hipertensos e diabéticos, que passaram a ter planos de cuidado mais personalizados e congruentes, resultando em melhor qualidade de vida..

Sistema de Integração de Informações em Tempo Real

A integração de sistemas de informação tem um papel crucial na gestão de epidemias. Durante a pandemia da Covid-19, o Brasil, como outros países, enfrentou o desafio de coletar dados precisos e em tempo real. O Brasil utilizou uma Plataforma de Monitoramento da Covid-19 que foi desenvolvida pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de coletar e integrar informações referentes ao avanço da Covid-19, incluindo casos confirmados, internações e dados de vacinação. Foi graças a essa integração que as autoridades de saúde puderam analisar a epidemia em tempo real, permitindo decisões informadas sobre restrições, distribuição de vacinas e alocação de recursos. Um exemplo de tecnologias utilizadas nesse período foram os Sistemas de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e o e-SUS Notifica utilizados para registrar dados sobre casos suspeitos e confirmados de Covid-19. Esses sistemas permitiram que os gestores pudessem ter visões detalhadas e atualizadas sobre a situação da pandemia em várias regiões do Brasil, permitindo uma resposta mais ágil e eficaz ao surto.