Preocupações, tensões ou medos exagerados
Módulo 1 Saúde Mental de Jovens Indígenas
Definição de Bem Viver:
- O Bem Viver é um conceito originário das culturas indígenas latino-americanas que promove a harmonia entre o ser humano, a comunidade e a natureza;
- Foca no equilíbrio e na interconexão de todos os aspectos da vida, incluindo a espiritualidade, a relação com a terra e o coletivo.

Princípios do Bem Viver:
- Harmonia com a Natureza: Valorização e respeito pela natureza como parte integrante da saúde e do bem-estar;
- Coletividade: Importância das relações comunitárias e do apoio mútuo;
- Espiritualidade: A espiritualidade como componente essencial da saúde mental e do bem-estar.
Bem Viver – um novo caminho, Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Fonte: Youtube
Relevância para a Saúde Mental:
- O Bem Viver é um conceito originário das culturas indígenas latino-americanas que promove a harmonia entre o ser humano, a comunidade e a natureza;
- Foca no equilíbrio e na interconexão de todos os aspectos da vida, incluindo a espiritualidade, a relação com a terra e o coletivo.
A Saúde Mental no Brasil faz parte das políticas governamentais do Sistema Único de Saúde (SUS), além de estar presente, também, na regulação de diferentes categorias multiprofissionais e interdisciplinares.

Entrevista: o pacto de morte contra os índios e contra o Bem-viver
Confira a entrevista realizada pelo coordenador do Conselho Indigenista Missionário – Cimi-Sul, Roberto Liebgott.
Por exemplo, vamos compreender o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz a respeito de saúde mental:

“A saúde mental é um estado de bem-estar mental que permite às pessoas lidar com as tensões da vida, realizar as suas capacidades, aprender bem e trabalhar bem, e contribuir para a sua comunidade. É uma componente integral da saúde e do bem-estar que sustenta as nossas capacidades individuais e coletivas para tomar decisões, estabelecer relações e moldar o mundo em que vivemos. A saúde mental é um direito humano básico. E é crucial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e socioeconômico.”

De acordo com a OMS, em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental.
A saúde mental pode ser afetada por diversas situações.
O uso e abuso de álcool e outras drogas, também, podem trazer impactos negativos na saúde mental. Veja o seguinte vídeo:
Saúde Mental, álcool e outras drogas na perspectiva da Redução de Danos
Fonte: Youtube
Geralmente, os/as profissionais da saúde compreendem que há alguns transtornos que impactam nossa saúde mental. Os mais comuns são a depressão, a ansiedade e a ideação suicida. Veja abaixo o que significa cada um deles:

“Rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Há alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse e diminuição da capacidade de concentração, associadas, em geral, à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se problemas do sono e diminuição do apetite. Há quase sempre uma diminuição da autoestima e autoconfiança e, frequentemente, ideias de culpabilidade e/ou de indignidade, mesmo nas formas leves.
O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou de acordo com as circunstâncias e pode ser acompanhado de sintomas considerados "somáticos", como diminuição do interesse ou prazer, despertar matinal precoce, ou seja, acordar várias horas antes do horário habitual, acordar muito cedo (ou seja, várias horas antes do horário regular), piora dos sintomas depressivos pela manhã, significativa lentidão psicomotora, agitação, além de perdas de apetite, peso e libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave”.
https://www.sejus.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf

Levando-se em conta o aspecto técnico, devemos entender a ansiedade como um fenômeno que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal).
A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, porém, em excesso, faz exatamente o contrário, impedindo reações.
Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida. Pode-se sentir ansioso a maior parte do tempo sem nenhuma razão aparente; pode-se ter ansiedade às vezes, mas tão intensamente que a pessoa se sentirá imobilizada. A sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que, para evitá-la, as pessoas deixam de fazer coisas simples (como usar o elevador) por causa do desconforto que sentem.
Escute o relato de Milena, representante do povo Koikama, a respeito da ausência de registros sobre a população indígena no período da pandemia.
Fonte: https://ds.saudeindigena.icict.fiocruz.br/handle/bvs/2254
Os transtornos da ansiedade apresentam sintomas muito mais acentuados em comparação com a ansiedade comum do dia a dia. Eles se manifestam da seguinte maneira:

A ideação suicida envolve pensamentos sobre tirar a própria vida ou estar morto/morta, sendo considerada um fator importante para intervenções, pois quanto mais frequente e mais detalhada, maior o risco do ato em si (CALDEIRA, 2015).
A ideação suicida pode estar ligada a comportamentos de autoagressões, tentativas de suicídio e ao ato de suicídio efetivamente realizado.

Diante disso, podemos afirmar que os problemas de saúde mental, na atualidade, apresentam números elevados, compreendendo uma parcela considerável da população mundial. Desta forma, pensar a respeito dessas questões, a partir de compreensões de cuidado, se mostra como algo urgente e necessário.
Considerando essa situação, ao analisarmos o Brasil, temos:
- De acordo com o Governo Federal, 15,5% da população brasileira apresenta quadro de depressão;
- Conforme o Conselho Nacional de Saúde, 9,3% da população brasileira apresenta sintomas de ansiedade;
- Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2023, houve 16.262 registros de suicídio no Brasil no ano de 2022;
- 8 suicídios por 100 mil habitantes, uma elevação de 11,8% em relação a 2021, que registrou 7,2 homicídios por 100 mil habitantes.
Todos nós estamos propensos a desenvolver problemas de saúde mental mencionados. Contudo, é conhecido que tais problemas podem ocorrer com maior frequência em populações que têm uma histórica vulnerabilidade. Portanto, é essencial reconhecer esses problemas entre os jovens indígenas, pois eles fazem parte desses grupos.
Para entender mais profundamente os efeitos desses problemas nos jovens indígenas e em outras populações historicamente vulneráveis, é crucial que levemos em conta as interseccionalidades.
Mas você sabe o que são interseccionalidades? E como elas impactam na saúde mental dos jovens indígenas? Vamos aprender no tópico 2!