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Campus Virtual Fiocruz

Informação para o SUS: políticas e sistemas

Módulo 1 | Aula 2
Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Tópico 5

Principais Correntes Teóricas da Informação

Segundo Araújo (2009), diferentes áreas e subáreas surgiram e se consolidaram ao longo do desenvolvimento da Ciência da Informação, guiadas por diversas correntes e perspectivas teóricas. A seguir, vamos explorar três dessas correntes:

Teoria Matemática

A "Teoria da Informação" ou Teoria Matemática: foi a primeira a oferecer um conceito científico de informação, apresentada por Shannon e Weaver em 1948 e publicada em 1949 (Araújo, 2009). Essa teoria, originada nas ciências exatas, concentra-se na eficácia da comunicação, tendo a informação como conceito central. Os autores identificaram três níveis de problemas na comunicação:

pan_tool_alt CliqueToque nos cartões para visualizar as informações.

Apresenta 3 cards, cada um representando um problema.

Estão relacionados com questões técnicas que envolvem o processo de comunicação, relativos ao transporte físico da materialidade que compõe a informação, como o volume do som em uma conversa, a qualidade da impressão de um material impresso, reconhecimento das letras.

Relacionam-se com a atribuição de significado, de sentido, que pode se dar por meio de linguagem conotativa ou denotativa, literal ou icônica e metafórica.

Relacionam-se com a eficácia no processo, ou seja, quem emite informação a outro quer causar alguma reação no outro, como convencer alguém sobre determinado assunto.

Nessa teoria, o processo é considerado em uma lógica “linear”, ou seja, em um extremo está o emissor, que envia a informação por meio de um canal, e no outro o receptor, a quem a informação é destinada, sem ter a certeza em relação ao recebimento da mensagem e de sua qualidade. Não se considera o “ruído”, que pode prejudicar a eficácia desse processo.

Os conceitos dessa teoria influenciam bastante os estudos sobre como a informação é transferida de um lugar para outro. Por exemplo, um dos desafios discutidos é entender quanto texto pode ser transmitido de uma vez, respeitando a capacidade de cada canal, como um site ou um livro.

Na Ciência da Informação, essa teoria é aplicada aos estudos relativos à recuperação da informação, ou seja, sobre como encontrar a informação certa. Dois conceitos importantes aqui são revocação e precisão. A ideia é garantir que, ao buscar algo, você encontre uma boa quantidade de itens (revocação) e que esses itens sejam realmente relevantes (precisão). Esses conceitos são fundamentais para quem trabalha com organização e recuperação da informação.

Teoria Sistêmica

Enquanto a Teoria da Informação segue uma lógica linear, a Teoria Sistêmica entende que cada parte do processo pode gerar resultados diferentes, impactando o todo. Isso se conecta aos conceitos de "input" (entrada) e "output" (saída), e essa abordagem é usada em várias ciências, incluindo as sociais.

Essa teoria combina conceitos como:

  • Totalidade: O sistema como um todo (ex.: uma instituição).
  • Objetos: As partes do sistema (ex.: departamentos da instituição).
  • Atributos: Características de cada parte (ex.: estrutura de um departamento).
  • Processos: Atividades das partes (ex.: tarefas de um departamento).
  • Ambiente: O que interage com o sistema, fornecendo entradas e recebendo saídas.

Na Ciência da Informação, a Teoria Sistêmica orienta o desenvolvimento dos sistemas de informação, que funcionam com base em três etapas: entrada dos dados, processamento (descrição e classificação) e saída (disponibilização da informação). Araújo (2009) ressalta a importância da "homeostase" para manter o sistema estável, controlando o que entra e sai. Essa teoria é fundamental para os sistemas de informação em saúde no Brasil, onde o bom funcionamento de cada sistema específico é crucial para a eficiência do sistema de saúde como um todo.

A Teoria Sistêmica originou-se com os trabalhos do biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968, porém suas bases foram formuladas entre as décadas de 1930 e 1940. Na década de 1930, tal teoria ganhou imensa expressão no campo da Ciência da Informação com a publicação do trabalho de Wiener, em 1948, sobre a cibernética (Araújo, 2009; Gomes et al, 2014).

Teoria Crítica da Informação

Fonte: Campus Virtual Fiocruz, a partir de Freepik AI Image Generator

A terceira teoria da informação, enraizada nas humanidades e na filosofia de Heráclito, valoriza a mudança sobre a estabilidade. A Teoria Crítica desconfia do que é evidente e busca entender o que está oculto, focando no conflito, desigualdade e interesses na informação (Araújo, 2009). Ela destaca como a informação é distribuída de forma desigual, beneficiando alguns e excluindo outros, especialmente grupos sociais marginalizados. Essa teoria levanta questões sobre a democratização e o acesso à informação para esses grupos.