Módulo 3

Preparação e resposta às Emergências em Saúde Pública no Contexto da COVID-19

Aula 4

Introdução

O risco de Emergências em Saúde Pública (ESP) envolvendo ameaças globais como a pandemia da COVID-19 já era de conhecimento da comunidade de saúde pública global, por diversas situações.

Em termos globais, análises anteriores alertaram para o potencial das pandemias desde a epidemia da SARS em 2003. Esta epidemia durou cerca de 6 meses, atingiu 29 países e foi responsável por 8.096 casos e 774 óbitos.

Apesar do reduzido número de casos e óbitos, mas alta taxa de letalidade, o Diretor Regional da OMS para o Pacífico Ocidental considerou que a SARS havia causado mais medo e perturbação social do que qualquer outro surto da nossa época. Os cálculos sugerem que o custo da SARS em 2003 para a economia mundial foi em torno de 40 bilhões de dólares.

A SARS, foi uma ameaça gerada por um novo coronavírus que causava doenças respiratórias, transmissível após a apresentação de sintomas, e mais infecciosa quando os sintomas eram mais graves. Estas características do vírus e da doença permitiram que triagem e isolamento contivessem a propagação, ficando como lição a necessidade de maior preparação global, pois novos vírus, como o Sars-CoV-2, poderiam não ter o mesmo comportamento.

Mesmo com o crescimento e aceleração de surtos de doenças infecciosas, muitos com potencial pandêmico como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), o Ebola em 2014-2016, a Zika em 2015-2016 e a H1N1 2019, a COVID-19 ainda surpreendeu muitos países que estavam despreparados para enfrentar a pandemia.

Saiba Mais

Antes da COVID-19, tendo como base os planos divulgados de preparação para pandemias, países ricos como EUA e Reino Unido foram identificados como os mais bem preparados para enfrentar ESP, incluindo pandemias, segundo o Índice de Segurança de Saúde Global.

Já o Vietnã e a Nova Zelândia foram classificados em 50º e 35º respectivamente. Durante a pandemia, Vietnã e Nova Zelândia foram exemplares nas respostas, com taxas de mortalidade por milhão de habitantes de 0,37 e 5,12 respectivamente, contra 662,78 nos EUA e 649,78 no Reino Unido.

Como observado pela Comissão do Lancet sobre Preparação para Ameaças Epidêmicas Emergentes, a preparação para ameaças epidêmicas não é um exercício estático ou binário (preparado ou não), mas um processo dinâmico refletindo um mundo em constante mudança.

Tendo como referência o diagnóstico do Painel Independente, estabelecido pela OMS em setembro de 2020 e com resultados publicados em 12 de maio de 2021 no documento COVID-19: Make it the Last Pandemic, os países que tiveram os piores resultados no enfrentamento da pandemia combinaram diversos processos:

Do processo de aprendizado com os erros e acertos, as experiências e lições do Brasil, particularmente durante o período de crise e colapso do sistema de saúde, bem como de outros países apontam a necessidade de combinar estratégias e ações políticas não só para enfrentamento da pandemia atual, como também de epidemias e pandemias futuras.

No caso do Brasil, procuramos destacar lições em três conjuntos de medidas: não-farmacológicas de controle da propagação; relacionadas ao sistema de saúde; envolvendo medidas envolvendo políticas e ações sociais.

Para as lições internacionais, tendo como referência os casos da China, Alemanha e Espanha, organizamos as lições em cinco eixos de atuação fundamentais: governança e coordenação nacional; controle da propagação da pandemia; fortalecimento do sistema de saúde; apoio social e econômico; comunicação com a sociedade.