Módulo 3

Preparação e resposta às Emergências em Saúde Pública no Contexto da COVID-19

Aula 1

Indicadores para análise de cenários epidemiológicos

Alguns indicadores importantes para avaliar epidemia são: taxas de incidência, taxa de mortalidade e taxa de letalidade.

A incidência descreve uma avaliação de risco em acontecer casos graves em uma população. O método de cálculo é razão entre número de casos e tamanho total da população. Neste caso, se assume toda a população sob risco de infecção.

Exemplo

50 casos em uma população com 120 mil indivíduos na população.

Cálculo: 100mil * 50 / 120 mil = 42 casos por 100 mil habitantes.

Esta taxa pode ser avaliada em período específico ou mesmo acumulada em período total da epidemia.

A mortalidade avalia o risco de óbitos na população. O método de cálculo é razão entre número de óbitos e o tamanho total da população.

Exemplo

Para 2 casos em uma população com 120 mil indivíduos na população, a taxa de mortalidade seria 100000 * 2 / 120000 = 1,7 casos por 100 mil habitantes.

A taxa de mortalidade deve ser calculada em um intervalo de tempo. Portanto, durante epidemia, pode ser avaliada em período específico ou mesmo acumulada em período total da epidemia.

A taxa de letalidade indica o risco de óbito, dado que o indivíduo seja um caso de COVID-19. O método de cálculo é razão entre o número de óbitos pelo total de casos confirmados.

Exemplo

30 óbitos para 1000 casos confirmados.

Cálculo: 30/1000 = 0,03 ou 3%.

Portanto, a interpretação desta taxa é o risco de um indivíduo infectado ir a óbito, durante o seu período de infecção em caso confirmado de Covid-19. Vale notar que, durante a pandemia, este risco foi bem heterogêneo quanto a faixas etárias, pois o risco de óbito foi maior para pessoas acima de 60 anos de idade.

Além destes, existem outros indicadores que também são importantes como por exemplo: a Taxa de ocupação de leitos de UTI dedicados a adultos com COVID-19.

Para Refletir

O indicador taxa de ocupação de leitos de UTI dedicados a adultos com COVID-19 aponta um eventual colapso do sistema de saúde, como ocorrido em março de 2021 quando a grande maioria dos estados possuía mais de 80% dos leitos ocupados. Nesta situação, com aumento de casos novos, ocorre saturação do sistema hospitalar, e o atendimento a pacientes se torna mais limitado, inclusive com esperas por leitos. Como consequência, ocorrem mais casos graves e óbitos. Portanto, ações devem ser tomadas de forma preventiva.

Boletim InfoGripe

O Boletim InfoGripe apresenta valores estimados para semanas recentes por meio de modelo estatístico que realiza o nowcasting.

(Bastos, 2019)

Este boletim é emitido com periodicidade semanal e traz informações relativas aos casos de SRAG e óbitos por SRAG nos estados, nas capitais e nas macrorregiões de saúde.

O gráfico apresenta taxas de incidência de SRAG monitoradas pelo sistema Infogripe, nele é possível notar o crescimento exponencial da incidência a partir da entrada do vírus SARS-CoV-2.

Gráfico de linha sobre a taxa de incidência de SRAG no Brasil.
Análise de taxa de incidência de SRAG no país.
Fonte: Boletim Infogripe, Semana Epidemiológica 23, 2021

A parte superior do gráfico mostra as taxas de incidência, junto com média móvel. Já a linha tracejada apresenta valores estimados para o nowcasting a partir de modelo estatístico. A área sombreada denota o intervalo de 95% de confiança para a estimação com este modelo estatístico. A parte inferior apresenta se ao longo das semanas epidemiológicas foi verificada probabilidades de redução, aumento ou estabilidade no número de casos.

Entre as semanas epidemiológicas 17 a 28 de 2020, houve um período com várias semanas em que a incidência esteve estável, mas bastante alta, bem próxima a 10 casos por 100 mil habitantes. Houve uma redução do número de novos casos, mas bastante lenta de forma que ao final do ano de 2020, há um período de recrudescimento e no início de 2021 um novo pico epidêmico. Neste novo pico epidêmico, no entanto, os valores de incidência chegaram a exceder 20 casos por 100 mil habitantes, taxa extremamente alta. Mesmo com um período de redução subsequente, a taxa de incidência na semana 23 ainda era mais alta que os valores observados em 2020.

Boletim do Observatório Fiocruz COVID-19

O Boletim do Observatório Fiocruz COVID-19 é produzido com informações recentes de casos, óbitos de COVID-19, informações sobre ocupação de leitos de UTI e de casos de SRAG no país, com importantes alertas e análises de cenários epidemiológicos, trazendo os indicadores de taxas de incidência, taxas de mortalidade e de letalidade.

Mapa do Brasil mostrando a taxa de ocupação de leitos de UTI COBID-19 para adultos.
Análise de ocupação de leitos de UTI dedicados para pacientes adultos com COVID-19. Valores em percentual (%).
Fonte: Boletim do Observatório Fiocruz COVID-19, Semanas epidemiológicas 22/23
Para Refletir

A imagem acima apresenta a análise de ocupação de leitos de UTI, dedicados a pacientes adultos com COVID-19, nos estados brasileiros. Neste momento da epidemia, observou-se níveis críticos de ocupação em muitos estados (em cor vermelha). Estados com taxa de ocupação muito próxima a 100% encontram-se com quase a totalidade dos leitos ocupados, em situação de saturação do sistema hospitalar público.