Unidade 1

Do Império à Primeira República: o surgimento da saúde pública​

Aula 1

Escravidão e doença

Desde a Colônia, muitos negros africanos foram trazidos ao Brasil para o trabalho escravo nas plantações dos engenhos de açúcar do Nordeste, e depois se estendeu para a mineração no Sudeste.

Isso gerou um novo grupo social vulnerável, e também criou o sistema de exploração que moveria a economia da Colônia, e depois do Império.

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O Navio Negreiro de Rugendas
Fonte: Voyage Pittoresque dans le Brésil, de 1835

Por todo o período Colonial e Imperial, as condições de saúde da população negra eram lastimáveis. Os problemas começavam na captura dos africanos e na viagem forçada para o novo continente: a cada cinco escravizados embarcados para o Brasil no início do período escravista, um morria antes da chegada.

Isso ocorria porque a travessia do Atlântico era realizada em condições deploráveis, em navios prisões, onde os negros africanos eram amontoados, sem higiene, alimentação adequada ou qualquer tipo de cuidado médico.

No contexto de violência e superexploração vivido pelos escravizados, a ancilostomíase e outras verminoses, as doenças carenciais como o escorbuto e a tuberculose eram muito frequentes nessa população.

Sob a condição de mercadoria, os escravizados viveram à margem dos cuidados médicos, sendo alvo de atenção somente quando sua morte poderia significar perda econômica para o seu senhor.

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Cirurgião negro aplicando ventosas
Fonte: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris, 1831

Apesar de haver diferentes atividades exercidas pelos escravizados africanos e diversas formas de tratamento dos senhores, os negros normalmente eram extremamente explorados, sendo mantidos à base de açoite, em geral mal alimentados e em péssimas condições de higiene.

No auge da produção mineira, em meados do século XVIII, o tempo estimado de vida dos escravizados nas minas era de apenas sete anos.

Nos principais centros urbanos, como Olinda, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, embora o trabalho parecesse menos pesado, as condições gerais de sobrevivência dos escravizados não eram muito diferentes, pois muitas vezes trabalhavam até a exaustão.

Tânia Pimenta, Pesquisadora da COC/Fiocruz e Professora do PPGHCS fala sobre Saúde e Escravidão
Fonte: VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz