O estigma e a discriminação contra pessoas LGBTQIA+ têm grave impacto na qualidade de vida dessas pessoas e aumentam a sua vulnerabilidade social e em saúde.
Agora que você já viu algumas informações iniciais no tópico anterior, pense: qual é a relação entre LGBTQIA+, o estigma e a discriminação?
Para ajudar nessa reflexão, vamos mencionar as normas e regulações na sociedade e como elas estabelecem condições de marginalizações, violências, violações, estigma e discriminação.
O termo heteronormatividade é utilizado para descrever situações nas quais apenas os relacionamentos entre pessoas de gêneros opostos ou heterossexuais são considerados normais ou corretos. Ao conceber a heterossexualidade como norma, as demais orientações sexuais são marginalizadas e passíveis de estigma e de discriminação.
Do mesmo modo, a normacisgênero desconsidera outros arranjos possíveis, como a pessoa transexual ou travesti, promovendo situações de exclusão, violências e estigmatização.
Além disso, pessoas intersexo passam muitas vezes por procedimentos mutiladores com o intuito de alterar seus corpos, especialmente órgãos sexuais, para conformá-los a normas físicas baseadas no gênero.
É por essas questões citadas acima e outras que nas práticas em saúde precisamos compreender esses conceitos e a sua relação com o cuidado. A literatura tem demonstrado a importância de discutirmos esses conceitos tendo em vista que a população LGBTQIA+, enfrenta:
Piores e graves situações de violência, como: crimes de ódio e assassinatos.
Barreiras e dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Problemas de saúde mental.
Dificuldades de acesso à informação e ao cuidado.
Piores desfechos de agravos de saúde, como maior prevalência ao HIV.
Dificuldade de acesso a terapias, como: a terapia hormonal.
Desconhecimento e desrespeito ao uso do nome social.
Compreensão de suas identidades, em perspectiva patológica e de criminalização.
Violação de direitos e situações de iniquidade.
question_mark Saiba mais...
Para saber mais sobre estigma, discriminação e violência na área da saúde, faça as leituras indicadas a seguir.
Lembre-se: o estigma e a discriminação contra pessoas LGBTQIA+ gera piores situações de vida, decorrentes:
Conteúdo textual do infográfico: Quadrado 1: a invisibilidade dos marcadores de raça/cor e etnia, gênero, orientação sexual na produção científica da Saúde e no cuidado no SUS. Mais. Quadrado 2: A inclusão limitada ou regulada pela normatividade. Mais. Quadrado 3: Os Epistemicídios. Mais. Quadrado 4: As Perspectivas patológicas. Igual. A exclusão, a vulnerabilidade e a violência contra pessoas LGBTQIA+.
Glossário do termo Epistemicídios: Epistemicídio é um termo criado pelo sociólogo e estudioso das epistemologias do Sul Global, Boaventura de Sousa Santos, para explicar o processo de invisibilização e ocultação das contribuições culturais e sociais não assimiladas pelo 'saber' ocidental. Fonte do glossário: Jornal da Universidade - UFRGS
Este podcast tem o propósito de abordar tópicos relacionados à população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais evidenciando fatos, estudos, perspectivas, opiniões, lutas e conquistas para uma reflexão crítica no sentido de resistir às desigualdades e promover a equidade.
O estigma e a discriminação contra essas populações impactam nos índices de saúde mental e exclusão escolar, afetando fortemente a trajetória social dos jovens e as oportunidades de inserção no mercado de trabalho.
Consiste em utilizar a comunicação como estratégia de promover informação aos indivíduos e grupos, dentro de um processo democrático, dialógico e respeito aos aspectos culturais de cada grupo.
Estratégia: Advocacy
Consiste na tarefa de realizar ações que influenciem autoridades políticas e governamentais para se sensibilizarem com a doença.
Estratégia: Mobilização social
É uma atividade para promover a união dos diversos atores envolvidos – sociedade civil, profissionais de saúde, políticos – em prol da melhoria da prevenção, tratamento e controle da doença.
AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen Produção Editorial LTDA, 2019
BAIRROS, L. Nossos Feminismos Revisitados. Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 458, 1995.
BATISTA, L. E., BARROS, S. Enfrentando o racismo nos serviços de saúde. Cadernos de Saúde Pública [online]. 2017, v. 33, n. Suppl 1, e00090516. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00090516.
BATISTA, L. E., ESCUDER, M. M. L. e Pereira, J. C. R. A cor da morte: causas de óbito segundo características de raça no Estado de São Paulo, 1999 a 2001. Revista de Saúde Pública [online]. 2013, v. 38, n. 5, pp. 630-636. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000500003.
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Política nacional de saúde integral da população negra. 2017.
CARNEIRO, S. Raça e etnia no contexto de Beijing. In: O livro da saúde das mulheres negras: nossos passos vêm de longe. Rio de Janeiro: Pallas/Criola, 2000. p. 256.
CARVALHO, E. S. S. et al. Why does your pain never get better? Stigma and coping mechanism in people with sickle cell disease. Revista Brasileira de Enfermagem. 2021, v. 74, n. 3, e20200831. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0831.
COLLINS, P. H. Black feminist thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. Boston: Routledge, 1990.
COLLINS, P. H. Interseccionalidade. Tradução: SOUZA, Rane. São Paulo: Boitempo. 2021.
CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171–188, jan. 2002.
DIAS, A. L. A (Re)Construção do caminhar: itinerário terapêutico de pessoas com Doença Falciforme com histórico de úlcera de perna. 2013. 190 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia.
GÓES, E. F. Racismo, aborto e atenção à saúde: uma perspectiva interseccional. 2018. Tese (Doutorado em Saúde Pública). Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, 2018.
GÓES, E.F. ; SOUSA, D.. Raça, gênero, etnia e direitos humanos. Faculdade de Direito; Superintendência de Educação a Distância, Salvador, Bahia, 2020.
GOES, E. F. ; RAMOS, D. de O. e F.; FORTES, A. J. F. Desigualdades raciais em saúde e a pandemia da Covid-19. Trabalho, Educação e Saúde [online]. v. 18, n. 3, e 00278110. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00278.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
HOOKS, B. Intelectuais Negras. Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 464, 1995.
LEAL, M. C. et al. A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 2017, v. 33, n. Suppl 1, e00078816. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00078816.
LOPES, F., BUCHALLA, C. M. e AYRES, J. R. C. M. Mulheres negras e não-negras e vulnerabilidade ao HIV/Aids no estado de São Paulo, Brasil. Revista de Saúde Pública. 2007, v. 41, suppl 2, pp. 39-46. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102007000900008.
MARTINS, A. L. Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil. Cadernos de Saúde Pública [online]. 2006, v. 22, n. 11, pp. 2473-2479. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006001100022.
MOURA, C. 2019. Sociologia do Negro Brasileiro, São Paulo: Ática.
NASCIMENTO, A. 2017. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 3 ed. São Paulo: Perspectivas.
OLIVEIRA, F. Saúde da população negra: Brasil ano 2001 Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2003.
PAIXÃO, M. J. P. Desenvolvimento Humano e relações raciais. Rio de Janeiro, DP&A. 2003
PISCITELLI, A. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, [S. l.], v. 11, n. 2, 2008. DOI: 10.5216/sec.v11i2.5247. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fcs/article/view/5247. Acesso em: 21 fev. 2022.
RISSON, A. P., MATSUE, R. Y., LIMA, A. C. C. Atenção em Saúde aos imigrantes haitianos em Chapecó e suas dimensões étnico-raciais. O social em questão, 21(41), 111-130, 2018
SANTOS, I. A. A.. Direitos Humanos e as práticas De Racismo. Câmara Dos Deputados, 2013.
SANTOS, M. P. A. et al. População negra e Covid-19: reflexões sobre racismo e saúde. Estudos Avançados. 2020, v. 34, n. 99, pp. 225-244. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3499.014.
SCAMBLER, G. Stigma and disease: Changing paradigms. The Lancet, 352(9133), 1054–1055. 1998
SILVA, D. S. “Existe uma barreira que faz com que as pessoas trans não cheguem lá”: itinerários terapêuticos, necessidades e demandas de saúde de homens trans no município de Salvador-BA.. 2017. Dissertação (Mestrado em Saúde Comunitária). Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, 2017
SANTOS, N. S. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Graal. 1983
SUDBURY, J. Outros Tipos de Sonhos. Rio de Janeiro: Selo Negro. 1998.
WERNECK, J. Quem vai dizer o nome dela? Sobre violências, aniquilamentos e mulheres negras. In: FLAUZINA, A.L.P; VARGAS, J.H.C. (organizadores). Motim: horizontes do genocídio antinegro na Diáspora: Brado Negro; 2017. p. 107–24.
____________. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde e Sociedade [online]., v. 25, n. 3, p. 535-549, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-129020162610.
____________. Algunas consideraciones sobre racismo, sexismo y la tecnología eugenética. EN: “¿Un mundo patentado? La privatización de la vida y del conocimiento”, Fundación Vía Libre, Córdoba. p. 197-213, 2005.
BARBOSA, Maria Inês da Silva. Racismo e saúde. 1998. Tese (Doutorado em Saúde). Departamento de Saúde Materno-Infantil, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
BATISTA, Luis Eduardo. Mulheres e homens negros: doença, saúde e morte. 2002. Tese (Doutorado em Sociologia). Faculdade de Ciências e Letras, Faculdade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara, São Paulo, 2002. http://indicadoreshanseniase.aids.gov.br/ . Acesso em 17/10/2022
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico: Hepatites Virais 2021. Número especial. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. Editora Jandaíra, 2019.
AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo SP, Sueli Carneiro, Pólen, 2019, 152 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde indígena: análise da situação de saúde no SasiSUS / Ministério da Saúde, – Brasília : Ministério da Saúde, 2019.
BASTA, P.C. ; ORELANA, J. ; ARANTES, R. Perfil epidemiológico dos povos indígenas no Brasil: notas sobre agravos selecionados. In: GARNELO, L. ; PONTES, A. L. (Org.). Saúde Indígena: uma introdução ao tema. GARNELO, L. ; PONTES, A.L. (Org.). Brasília: MEC-SECADI, p. 60-107, 2012.
HALLAL, P. et al. SARS-CoV-2 antibody prevalence in Brazil: results from two sucessive naionwide serological household. The Lancet, v. 8, n. 11, e1390-1398, nov, 2020.
GARNELO, L.; PONTES, AL.(Org.). Saúde indígena: uma introdução ao tema. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e inclusão; Unesco, 2012.
CARDOSO, A. M. ; SANTOS, R.V. ; GARNELO, L. et al. Políticas públicas de Saúde para os povos indígenas. In: GIOVANELLA, L. ; ESCOREL,S. ; LOBATO, L.V.C . et al, (Org.). Políticas e sistema de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, p. 911-932, 2012.
BULHÕES, L. S; CRUZ, F. S. M. Povos indígenas e os desafios da covid 19: produção de memória e mobilizações políticas. In: Nogueira, S.E.M; Santana, I. (Org.). Lições e memórias de uma pandemia (e-book). 1ed. Paulo Afonso: SABEH, 2020, v. p. 227-245.
CRUZ, F. Povos Indígenas, Racialização e Políticas Afirmativas no Ensino Superior. In: OLIVA, A. et al. (Org.). Tecendo Redes Antirracistas: Áfricas, Brasis, Portugal. 1ed.: Autêntica, 2019; p. 147-162.
PINTO, Isabella Vitral, et al. "Perfil das notificações de violências em lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Brasil, 2015 a 2017." Revista Brasileira de Epidemiologia n.23, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/YV7VvNY5WYLwx4636Hq9Z5r/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 23 Out. 2022.
