Módulo 2 | Aula 1
Pessoas vivendo com HIV/Aids e
pessoas com IST
Outras IST
Outras IST, como a sífilis, a gonorreia, a clamídia, o herpes e o papilomavírus, embora sejam muito diferentes nas suas apresentações, curso e tratamento, também trazem estigma para as pessoas que vivem com essas doenças. Isto ocorre em função do forte tabu ainda vinculado ao sexo e à crença preconceituosa de que as IST são transmitidas por mulheres que têm vários parceiros, como as profissionais do sexo.
As IST são tomadas como sinal de promiscuidade, mostrando como os padrões morais relativos à sexualidade, tanto de mulheres como de homens, são distintos da realidade da experiência sexual humana, marcada pela fluidez, diversidade e experimentação.
Estudos demonstram que o estigma associado às IST articulam diferentes sistemas de opressão e processos de desigualdade social, como aqueles baseados no gênero, no racismo e no preconceito de classe em relação às pessoas mais pobres. Ao mesmo tempo em que a origem do estigma relacionado às IST seriam as normas sociais relativas à sexualidade, sua persistência estaria relacionada à reprodução destas normas por meio da educação, da mídia e dos serviços de saúde. Para alguns estudiosos, o enfrentamento deste tipo de estigma deveria partir de uma ação destas instituições no sentido da desmistificação da sexualidade e do reforço de práticas preventivas (Hood & Friedman 2011).
O receio do estigma faz com que portadores das diferentes IST posterguem a busca por cuidados de saúde. A não revelação da infecção ou agravo, especialmente para parceiros íntimos, tem sido relatada como fator de estresse e do aumento de disseminação das IST, além de dificultar o tratamento e facilitar a transmissão.
A visibilidade pública alcançada por campanhas contra o estigma do HIV/Aids não impacta necessariamente na redução do estigma das outras IST. Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, publicada em 2010, quando questionados sobre qual das IST avaliadas (HIV/Aids, herpes genital, sífilis, gonorreia, HPV, clamídia, e piolhos pubianos) seria mais prejudicial à sua reputação, 74,8% dos 537 entrevistados escolheu HIV/Aids. No entanto, quando perguntados sobre qual IST representava maior fraqueza moral, o HIV/Aids foi classificado como significativamente inferior às outras IST (Neal, Lichtenstein & Brodsky, 2010). A pesquisa sugere que cada IST é percebida de forma diferente, sugerindo que a comunicação em saúde e o enfrentamento do estigma devem ser endereçados de forma particular, considerando a peculiaridades de cada IST.