Módulo 2 Manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento

Aula 2

O diagnóstico

O diagnóstico oportuno da Febre Maculosa Brasileira é muito difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença, tendo em vista que o quadro clínico também é semelhante com outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, encefalite, malária, meningite, sarampo, lúpus e pneumonia. No entanto, o médico fará avaliação das manifestações clínicas e perguntará onde o paciente mora ou se esteve em locais de mata, florestas, fazendas, trilhas ecológicas, onde possa ter sido picado por um carrapato. O médico também poderá solicitar uma série de exames para confirmar ou contribuir com o diagnóstico.

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico geralmente é realizado a partir do teste sorológico, mais espe-cificamente pela reação de imunofluorescência indireta. O diagnóstico sorológico permite identificar a presença de anticorpos anti-Rickettsia do grupo da febre maculosa (não permite estabelecer a espécie) no sangue do paciente. Durante a doença, principalmente até o 10º dia, o indivíduo pode não ter anticorpos para a febre maculosa e que o resultado da análise de sangue coletado no início da doença pode ser negativo. Assim, a coleta de uma segunda amostra de sangue passa ser necessária. O Ministério da Saúde recomenda que isso aconteça do 14º ao 21º dia após a primeira coleta de sangue.

Os testes laboratoriais mais indicados para diagnóstico da Febre Maculosa são:

Para diagnóstico inespecífico e complementares:
  • Hemograma: observa alteração no padrão das células sanguíneas como, anemia, diminuição de plaquetas.
  • Enzimas: algumas enzimas do corpo podem estar aumentadas, demonstrando indício de alguma infecção.
Para diagnóstico específico:
  • Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): detecta a presença de anticorpos contra a bactéria, a partir de coleta de sangue. O diagnóstico é retrospectivo, pois no momento da doença não há anticorpos em níveis detectáveis.
  • Exame de Imunohistoquímica: detecta a bactéria em amostras de tecidos obtidas a partir de biópsia de lesões de pele ou de material de necropsia.
  • Técnicas de biologia molecular − reação em cadeia da polimerase (PCR): realizada a partir de amostras de sangue, tecido de biópsia. Detecta o material genético da bactéria. Recomendado especialmente em casos graves e óbitos, este teste deve ser realizado na fase inicial da doença, quando anticorpos anti-Rickettsia spp. ainda não são detectados.
  • Isolamento da bactéria: O isolamento da bactéria é feito a partir do sangue (coágulo) ou de fragmentos de tecidos (pele e pulmão obtidos por biópsia) ou de órgãos (pulmão, baço, fígado obtidos por necrópsia), além do carrapato retirado do paciente. A bactéria irá crescer em um meio de cultura. Vale ressaltar que se trata de um agente de classe de risco biológico 3 e, por essa razão, deve ser um procedimento restrito.
Técnicas de biologia molecular:
  • Kit IBMP BIOMOL RICKETTSIA: diante da necessidade de se ter um teste de detecção direta oportuno, o kit foi desenvolvido numa parceria entre o IBMP e o Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC/Fiocruz. Como o diagnóstico sorológico é retrospectivo, a PCR em tempo real permite a confirmação da FMB no momento da doença.
Atenção

Os resultados desses exames, no entanto, podem levar dias ou semanas. Por isso, se houver suspeita, o médico deve iniciar o tratamento com antibióticos específicos urgentemente, tendo em vista que quanto mais cedo a terapia for iniciada, maiores são as chances de se evitar complicações e morte do paciente.