A abordagem sobre Literacia parte do pressuposto que, além de saber ler, escrever e fazer cálculos, é necessário desenvolver capacidades para usar tais habilidades e competências no seu cotidiano, relacionando tais saberes com as situações, necessidades e demandas decorrentes da inserção nos diversos espaços da sociedade.
Módulo 1 | Aula 3 Literacia para a Saúde: concepção e perspectivas para promover saúde
Literacia para a Saúde: concepção e perspectivas para promover saúde
Você conhece o termo Literacia para Saúde (LS)?
Bom, esse termo é derivado da tradução da palavra em inglês Health Literacy, nos países que compõem a Lusofonia (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial). O Brasil, apesar de compor os países lusófonos, tem publicações com a tradução do termo Health Literacy de diversas maneiras.
A discussão sobre Health Literacy ou Literacia para a Saúde ocorre em vários países e apresenta conceitos e concepções a partir dos estudos, investigações e produções teóricas de autores oriundos de diferentes escolas ou referências teóricas. (Okan, 2019)
Entre os pesquisadores sobre a LS, destaca-se alguns precursores como Don Nutbeam, Carolyn Speros (2004); Josephine Mancuso (2008); I. Kickbush et al. (2008), D. Freedman et al. (2009) e K. Sörensen et al. (2012).
No Brasil há estudos, publicações e discussões significativas sobre Health Literacy traduzidas para o vocábulo alfabetização em saúde, letramento funcional em saúde, literacia em saúde e Literacia para a Saúde. Em virtude da polissemia do referido constructo, pode-se identificar que a utilização do termo Letramento em Saúde e letramento funcional em saúde (LFS), em determinadas publicações, têm sido apresentados como sinônimo de Literacia para a Saúde.
Outro aspecto que tem contribuído para este viés é o fato de que na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) o descritor para Health Literacy para o português até o momento tem sido Letramento em Saúde. (Saboga-Nunes, Martins, Farinelli, Juliao, 2019).
O livro “O papel da literacia para a saúde e educação para a saúde na promoção da saúde” aprofunda um pouco mais sobre a distinção entre Letramento em Saúde e Literacia para a Saúde.
O conceito de Literacia para a Saúde (LS) em particular foi introduzido pela primeira vez por Scott Simmonds em 1974 e com o tempo, foi gradualmente adquirindo maior destaque e importância nas áreas de Saúde Pública e Cuidados de Saúde Primários. (MADEIRA, 2016)
Desde o ano de 2014 o Grupo de Estudos e Pesquisas Promoção em comunicação, educação e Literacia para a Saúde no Brasil – ProLiSaBr/UFTM tem realizado discussões e investigações sobre o termo Health Literacy e Literacia para a Saúde, especialmente vinculados à produção teórica embasadas nas discussões e publicações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
E você, qual sua concepção de Literacia para a Saúde? Já estudou ou ouviu falar deste termo na área de saúde pública? Que tal aprofundar suas reflexões sobre este assunto?
O termo literacia está relacionado com a capacidade para ler, escrever, usar a linguagem e comunicar as informações a outra pessoa ou grupo a partir do acesso e compreensão destas informações.
A concepção da Literacia possibilita ir além de identificar o grau de alfabetização de determinada população. Ou seja, literacia envolve identificar e medir a capacidade que esta população tem para usar seus conhecimentos, para compreender sua realidade e estabelecer formas de enfrentamento das situações a que estão expostas. Desta forma, a abordagem sobre Literacia ressalta o compromisso não só de identificar o domínio sobre a informação e conhecimentos, disponibilizados ou acessados, mas desvelar a capacidade para seu uso conforme as demandas apresentadas a cada pessoa.
A partir da identificação dos níveis de literacia de determinada população é possível detectar não só os níveis de educação, como também possibilita revelar indicadores de acesso a direitos sociais garantidos pela Constituição Federal, condições de saúde, qualidade de vida e participação social.
Você sabia?
O dia 8 de setembro foi designado pela Organização das Nações Unidas (UNESCO) como o Dia Internacional da Literacia. No período de 2003 a 2012 a UNESCO instituiu a Década da Literacia, com o objetivo de provocar reflexões acerca desta temática e salientar a relevância da literacia na vida das pessoas e das populações nas diversas realidades mundiais.
Nesta direção, os estudos acerca da literacia podem contribuir para a análise crítica de realidade específica, de modo que os determinantes e determinações sociais possam subsidiar as propostas de enfrentamento de tal situação com a perspectiva de aumentar o nível de literacia daquela pessoa e/ou comunidade.
format_quoteLiteracia é a capacidade para identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar e usar as novas tecnologias, de acordo com os diversos contextos. A literacia envolve um processo contínuo de aprendizagem que capacita o indivíduo a alcançar os seus objetivos, a desenvolver os seus potenciais e o seu conhecimento, de modo a poder participar de forma completa na sociedade. UNESCO, 1999
Sabendo disso, é importante destacar que têm sido apresentadas concepções distintas de Literacia. Entre elas podemos destacar literacia científica, literacia da informação, literacia estatística, literacia digital, Literacia para a Saúde entre outras.
Considerando o nosso enfoque no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), iremos discorrer sobre a LS, tendo como referência os profissionais de saúde, os usuários do SUS e a comunidade na qual está inserida esta população.
Trata-se de uma temática atual e muito relevante, na qual a população tem se deparado com informações de saúde complexas, que exigem a tomada de decisões frente às perspectivas para promover saúde e qualidade de vida, compreender e decidir frente a diagnósticos e situações terapêuticas, entre outras questões. (SANTOS, 2020; COLLIER, 2021)
Neste caso, é importante desenvolver estratégias de ampliação do acesso às informações no âmbito da saúde individual e coletiva, no que tange ao exercício da autonomia, fundamentada em conhecimentos para auxiliar na tomada de decisão sobre as condições de saúde, prevenção de doenças e adesão ao tratamento. Este cenário nos remete à importância de aprofundarmos a discussão acerca da Literacia para a Saúde.
Confira um texto com ações de promoção da LS.