Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) tem enfatizado a importância de se garantir a saúde e os direitos humanos, incluindo os direitos sexuais e reprodutivos, mesmo no atual contexto de epidemia de Covid-19. São vários os desafios que a pandemia tem trazido, tanto para governos quanto para a população, bem como aos serviços e profissionais de saúde.

Como é de conhecimento, globalmente as gestantes e puérperas têm sido consideradas grupo de risco frente à Covid-19. No Brasil, o Ministério da Saúde também orienta que gestantes e puérperas devam ser consideradas grupo de risco para Covid-19. As evidências têm indicado maior chance de desfecho materno e neonatal desfavorável na presença da Covid-19 moderada e grave. As gestantes infectadas por SARS-CoV-2 têm maior chance de hospitalização, admissão em unidade de terapia intensiva e ventilação mecânica, sendo possível que as alterações gravídicas afetem a resposta imunológica, indicando necessidade de uma atenção qualificada e adequada.

Não exclusivamente no Brasil, a pandemia de Covid-19 afetou desproporcionalmente os povos e comunidades tradicionais, causando graves impactos, exacerbando as desigualdades estruturais e a discriminação preexistentes. Dados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) apontam que a taxa de mortalidade por Covid-19 entre indígenas da Amazônia Legal é 150% mais alta do que a média brasileira - e 20% mais alta do que a registrada na região Norte. Já a taxa de infecção pela doença entre os indígenas é 84% mais alta se comparada com a média nacional.

Nesse contexto, especialmente nas regiões de maior vulnerabilidade social, como é o caso de comunidades indígenas e tradicionais, é crucial a qualificação de profissionais de saúde e dos serviços para orientação e informação às gestantes e puérperas com vistas à prevenção à infecção, considerando-se suas realidades cotidianas. Esse movimento colabora para o diagnóstico precoce e o adequado manejo dessas mulheres, nas diversas fases da infecção, dentro das diretrizes que evitam a morbimortalidade materna e os agravos durante o parto.

Assim, o Fundo de População das Nações Unidas uniu esforços com a Fiocruz na realização desse curso, dedicado a povos e comunidades tradicionais visando melhoria nas ações de prevenção e atenção com foco nas gestantes, parturientes e puérperas. Aqui, será possibilitado o aprimoramento dos protocolos específicos para esses grupos, com vistas à detecção precoce de infecção e redução da razão de mortalidade materna.

Esse curso é voltado aos profissionais e gestores de saúde e também a todos os interessados pelo tema.

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